terça-feira, 22 de novembro de 2011

Dia 3 - Pai Inácio, Rio Mucugezinho e Poço do Diabo

Cachoeira do Pai Inácio

A Cachoeira do Pai Inácio não consta dos roteiros mais convencionais, mas o nosso guia Edu fez um dia customizado especial para nós 3.

Descemos numa trilha na base dos principais morros da região. Na ida temos uma vista bem bonita do Morro do Camelo, enquanto descemos com a Serra do Brejões na nossa lateral.



Esta é a graciosa Cachoeira do Pai Inácio.




Na trilha de volta, temos uma linda vista do Morro do Camelo.



Subindo o Morro do Pai Inácio

A próxima etapa do nosso roteiro foi subir o Morro do Pai Inácio. Essa atração é feita no fim do dia pela maior parte das agências, mas o Edu nos trouxe num horário que ele sabia que o topo do Morro estaria vazio. Foi super VIP.

No meio da subida do Pai Inácio encontrei esse lindo trecho de quartzo rosa.



No alto do Pai Inácio, o Edu explica para mim e meus amigos a lenda do Pai Inácio. Pelo que fiquei sabendo, cada guia varia detalhes e fatos históricos ao repetir a história que deu nome ao morro. Alguns dizem que a moça envolvida é esposa do coronel, outros dizem que é filha.

Muitos dizem que Pai Inácio era um negro reprodutor da senzala,  pai de santo, curandeiro, uma figura carismáticas entre os outros negros, e desta vez ouvi dizer que ele possuía olhos claros. A filha ou esposa de um importante coronel da região começou a ter um caso às escondidas com o Pai Inácio. A maior parte das versões dizem que a moça foi quem se sentiu atraída e convenceu sua ama a levá-la para conhecer o negro. Eles tinham encontros amorosos nas cachoeiras da região, e em um desses encontros foram vistos por um negro fujão que resolveu contar a história ao coronel em troca da liberdade. Quando o coronel soube colocou capangas para perseguir o Pai Inácio, este com uma sombrinha nas mãos teria pulada deste morro com a sombrinha aberta, gritando : 'Prefiro me entregar a natureza à me entregar às suas armas enferrujadas'. Os capangas imaginaram que ele tivesse morrido, porque Inácio teria jogado a sombrinha lá em baixo, mas nunca encontraram o corpo. O que o negro fez foi pular para uma pedra mais abaixo e se esgueirar por caminhos que só ele conhecia, safando-se da perseguição. Dizem que ele ainda conseguiu roubar cavalos e fugir com sua amada, mas esse ponto também é controverso. Acredito mais nas versões que dizem que ele ficou escondido, até conseguir fugir para uma região segura. Mas a lenda é sempre bonita. E quem conta o conto, aumenta um ponto.
O que eu preciso mesmo é fazer uma pesquisa mais séria sobre o fato histórico. Vou ver se meu historiador preferido, Eduardo Bueno, pode me esclarecer algo em algum de seus livros.


Linda vista do Morrão. Sendo mais precisa, as cadeias de montanha que vemos abaixo são, da esquerda para direita: Serra do Mucugezinho, Serra dos Cristais, Morrão (mais ao fundo) e Serra da Bacia.


Linda vista do vale, junto com Morro do Camelo à esquerda.  À direita, temos a Serra dos Brejões. 



Ao descermos, temos uma imponente vista do Morro do Pai Inácio. Esta foto não mostra, mas a direita temos o Morro Mãe Inácio.


Essa região já foi mar!!!
Estudiosos da geologia da região concluíram que essa região já foi mar.
Uma das evidências é a presença de areia e cascalho de conchas em grutas como  a Lapa Doce.
Se observarmos as montanhas das fotos acima, vemos que elas descem bem vertical em forma de pedra mesmo, até o ponto em quem começa a existir vegetação e a base se alarga. Este é o exato ponto do nível das águas que corriam entre os morros.

Isto teria ocorrido a 1.8 bilhões de anos.

Em algum momento ouve choque de placas tectônicas abrindo fendas e depressões e de algum modo mudando a configuração das águas.

Eu sinceramente me arrepio ao imaginar como era a paisagem, a água correndo entre estes morros que enfeitam de forma tão mágica os roteiros de trekking que eu tanto aprecio!

Almoço perto do Rio Mucugezinho

Fomos almoçar na Joelma, ás margens do Rio Mucugezinho.


Destaque para o cortado de palma, meu prato típico preferido da Chapada. Palma é um cactus da região. Esqueça o preconceito! É uma delícia, e muito nutritivo também!


Cachoeira do rio Mucugezinho.


Trilha para o Poço do Diabo

A caminho do Poço do Diabo encontramos essa linda flor, conhecida como bucetinha de freira.


Linda vista do cânion com a Cachoeira na ida.


O Poço do Diabo é imenso.


Outra linda vista do Poço do Diabo.


Edu alimentando os macaquinhos.



 
Jantar na Fazendinha

A noite fomos jantar na simpática Fazendinha. Aprovamos e recomendamos.


Ah, na noite anterior comemos no Bodega, que aparece na foto acima, muito bom também, e ao som de uma deliciosa MPB que estava rolando.

Abaixo a pizza da Fazendinha. 


Na viagem da Lu - divagando . . .

Ainda estou impressionada e pensando em gigantescos rios correndo por entre as montanhas emblemáticas da Chapada. E antes disso, o mar cobrindo parte desta região.

E ao pensar na idade da Terra em que tudo isso ocorreu, vemos que a presença humana, comparada com o tempo de existência do planeta é algo muito pequeno e irrisório.

Costumo me preocupar com os caminhos desenfreados que as sociedades estão seguindo, e com os impactos no ambiente. Acho que os seres humanos podem mesmo detonar muito o planeta, mas talvez o resultado seja mais um suicídio da nossa espécie do que um assassinato do planeta.

Se a raça humana se auto-extinguir por detonar muito o ambiente, o planeta acabará se recuperando. Mudando seu formato, suas montanhas, seus mares, seus rios...

Acho que ainda não percebemos que NÓS somos a ponta mais fraca!

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